Sonae estuda compra de operações do Wallmart Brasil
O grupo português Sonae avalia a compra da operação brasileira do Walmart. As negociações envolvem a participação de fundos de private equity que também podem entrar como sócios na operação com os portugueses, com a injeção de parte do capital. A intenção é ter pelos menos um fundo de investimento na transação, segundo uma fonte a par do assunto.
Maior grupo varejista do mundo, o Walmart decidiu buscar sócios para o negócio no país, e estuda a venda de uma parcela da operação ou até de 100% do negócio - a depender da evolução das propostas que estão sendo discutidas. O Goldman Sachs assessora o Walmart. No caso da Sonae, as conversas iniciais envolvem a compra de 100% da operação brasileira.
No país, o Walmart não tem se manifestado sobre as informações de venda da empresa ou de busca de um sócio. A respeito das negociações com a Sonae, o grupo também preferiu não comentar. Procurada, a Sonae não respondeu aos pedidos de entrevista até o fechamento desta edição.
Entre os investidores que já analisam, há alguns meses, a hipótese de um acordo com o Walmart - o grupo Sonae não é único que avalia o ativo - estão a gestora de private equity Advent International, L Catterton, maior fundo de investimento em consumo do mundo (um dos sócios é o bilionário francês Bernard Arnault) e a Acon Investment, menor que os outros fundos, com US$ 5,5 bilhões em ativos.
A 3G Capital, de Jorge Paulo Lemann (sócio da Lojas Americanas), também teria avaliado a operação no fim do ano passado.
Outros fundos já avaliaram a operação mas desistiram de avançar nas conversas, como o Carlyle, diz uma segunda fonte.
Como o Sonae não tem negócios em supermercados no país, uma transação não teria dificuldades em ter o aval de órgãos de defesa da concorrência, ao contrário de redes já estabelecidas, como Carrefour ou Grupo Pão de Açúcar.
O interesse da Sonae surge pouco mais de 12 anos após a empresa ter vendido suas 140 lojas no país para o mesmo Walmart Brasil - e com isso, saído do país ao se desfazer dos seus negócios no varejo local. Há investimentos em shopping centers no país por meio da Sonae Sierra Brasil os portugueses tem 50% de participação na controladora da empresa, a Sierra Brazil 1 B.V.
As conversas entre Walmart e Sonae ocorrem após a morte de Belmiro de Azevedo, presidente do conselho de administração até 2015, e o principal nome que defendia, naquele período, a saída da Sonae do varejo brasileiro.
Aos mais próximos, Azevedo criticava duramente as dificuldades para se fazer negócio no Brasil.
Após o grupo anunciar, em dezembro de 2005, a venda de 140 pontos ao Walmart por R$ 1,7 bilhão, ele disse que a paciência da empresa com o país tinha acabado. "Somos corredores de longo prazo e temos sido pacientes. Mas a paciência esgota-se", afirmou Azevedo na época.
O cenário atual é diferente daquele de 12 anos atrás, especialmente no que se refere às taxas de juros mais elevadas - os altos juros era um aspecto central na crítica dos portugueses à operação no país. Mas a empresa ainda ressaltava a dificuldade em operar no varejo brasileiro de forma rentável.
Na época, a Sonae se desfez de um negócio de R$ 3 bilhões em vendas e pontos de varejo na região Sul com as bandeiras Nacional, BIG, Mercadorama e de unidades da atacadista Maxxi.
Neste momento, Duarte Paulo Azevedo, de 52 anos, filho de Belmiro, é o presidente do conselho e Co-CEO, e a filha de Belmiro, Claudia Azevedo, 48 anos, está à frente da Sonae Capital.
Ainda que um acordo evolua, e mesmo considerado um cenário econômico que, de certa forma, difere daquele da década passada, a Sonae teria que gerir um negócio com resultados ainda instáveis. O Walmart está em fase de renovação de lojas e tentando avançar num modelo de integração de pontos físicos e site após um período longo de união de ativos comprados - e de altos e baixos nos resultados. Isso ocorre especialmente na margem de lucro bruta e no lucro operacional, segundo dados publicados até meados de 2017.
Desde o terceiro trimestre de 2017, o grupo decidiu parar de publicar números sobre o desempenho no país - e também tem mencionado menos a operação nas conferências sobre os resultados globais (o país equivale a 2% das vendas mundiais).
Nos últimos dias também tem circulado no mercado informações sobre negociações envolvendo especificamente a operação do Maxxi Atacado, controlada pelo Walmart, e com cerca de 40 pontos. O Valor apurou que o negócio foi oferecido, isoladamente, para varejistas brasileiras entre o fim de 2017 e início deste ano. Sondagens teriam sido feitas pelo Credit Suisse - que procurado, não se manifestou, assim como o Walmart.
Fonte: Valor
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