Mercado: Preços seguem estáveis, mas bloqueio da Rússia preocupa
A suinocultura brasileira encontra alguns desafios neste quarto trimestre. Apesar de ainda ser influenciado pela crise econômica no país, o setor respira aliviado com um tímido crescimento do PIB, estimado em aproximadamente 0,7%, mas acende o alerta para o bloqueio russo anunciado nesta última segunda-feira (20), que, caso não seja resolvido com rapidez, pode influenciar de forma negativa os próximos meses da atividade.
Os preços pagos ao produtor no mês de novembro permanecem estáveis nas principais bolsas de comercialização do país, Minas Gerais e São Paulo. Nos últimos dois meses a média de preço do suíno vivo foi de R$4,28 e R$4,22 nestes estados, respectivamente, com variações mensais inferiores a 10 centavos por quilo, de acordo com informações da Agroceres PIC.
O diretor executivo da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Nilo de Sá, explica que esta estabilidade reflete um equilíbrio na oferta e demanda do produto, que não tem sofrido maiores sobressaltos. Já no acumulado do ano, os preços do suíno vivo apontam elevação em relação ao praticado em 2016. Nos primeiros dez meses de 2017 o preço médio praticado em Minas e São Paulo foi R$4,36 e R$4,34, respectivamente, ante R$4,00 e R$3,86 durante o mesmo período do ano anterior.
As perspectivas para o mercado interno, que consome usualmente entre 80 a 85% da produção nacional, é de recuperação da economia, com a inflação próxima a 2% e a taxa SELIC provavelmente sendo reduzida a 7% ao final de 2017. Porém, o país ainda conta com uma taxa de desemprego alta, atualmente acima de 12%, afetando a renda e o consumo das famílias brasileiras. “Há uma expectativa positiva para a economia nos próximos anos, o que contribuiria positivamente para a demanda interna de carne suína e consequentemente com o preço pago ao produtor, porém existe a imprevisibilidade relacionada as eleições presidenciais de 2018, gerando um certo grau de incerteza a este cenário”, pontua de Sá.
As exportações apresentam desempenho inferior ao ano passado, porém com resultado bem superior à média histórica do país. De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), até outubro o país exportou 578 mil toneladas de carne suína, volume 4,3% inferior ao mesmo período de 2016, e permanecendo neste ritmo as exportações deverão alcançar 690 a 695 mil toneladas.
O diretor executivo da ABCS explica que embora isto represente uma redução de aproximadamente 40 mil toneladas em relação ao marcante resultado de 2016 (733 mil ton), cabe ressaltar novamente que o volume é cerca de 150 mil ton superior à média das exportações brasileiras, que é de 540 a 550 mil ton. “Enxergando a metade cheia do copo, o desempenho das exportações foi novamente relevante para a manutenção do preço do suíno vivo no mercado interno”.
Bloqueio do mercado russo
A notícia do fechamento do mercado russo à carne suína brasileira deixou o setor bastante apreensivo. Historicamente, este mercado responde por aproximadamente 40% de todas as exportações brasileiras e nos dois últimos anos superou as 240 mil toneladas.
O diretor executivo da ABCS acredita que, caso o bloqueio permaneça por um longo período, o preço do suíno vivo no mercado interno será pressionado devido à maior oferta de animais ou carcaças. “Isso é bastante preocupante, sobretudo durante os primeiros meses do ano, quando usualmente já há uma menor procura e consequentemente menor remuneração para o suinocultor”, explica. De Sá também reforça a importância da efetividade da intervenção do governo brasileiro junto ao governo russo para reabrir rapidamente este mercado e evitar maiores prejuízos aos suinocultores e empresas do país.
Grãos
Sob a ótica dos custos, neste ano o preço da saca de milho apresentou redução de 35 a 40% no acumulado de janeiro a outubro, quando comparado a 2016, de acordo com dados divulgados pela Agroceres PIC, tornando então o contexto bastante interessante para o suinocultor e permitindo a recuperação de parte do prejuízo acumulado no ano passado. Para 2018, a Conab aponta que o cenário também é favorável, mesmo com uma previsão de redução de 4,4 a 5,0% na produção de milho 1ª safra. Com a atual projeção de manutenção da 2ª safra e exportação de 30 milhões de toneladas em 2018 o estoque de passagem 2018/2019 deverá chegar a 24 milhões de toneladas, mantendo a tendência crescente iniciada em 2017.
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